quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Margareth Parte II - Desembarque

A maria fumaça foi desacelerando, o tic-taque que já havia se tornado parte da jornada foi ficando mais leve e as vezes se escutava o ranger do trem com o trilho, que aparentava ser velho e pouco utilizado. A paisagem que se concretizava revelava lindos pinheiro altos, uma relva baixa, flores campestres e um magnífico riacho correndo montanha abaixo. Aquele cenário parecia pintura, trazia uma paz interior inimaginável misturada com uma sensação de angustia profunda, algo que só sentindo para entender e mesmo assim a compreensão só se vinha pela metade. Uma senhora rechonchuda aguardava do lado de fora da locomotiva, trajava um delicado manteau marrom com listras brancas e pequeninos botões aparentemente de pérola. A menina desceu assustada da locomotiva, seus cabelos negros formavam delicados cachinhos nas pontas, um sorriso acolhedor seguido de um aceno lhe indicaram que a simpática senhora provavelmente a esperava.
- Margareth? Lhe perguntou a mulher de idade.
-Sim, respondeu a menina com um sorriso depois acrescentando. – Tia Clavel?
- Viva e em cores, lhe respondeu a senhora com uma longa risada. – Fez boa viajem? A locomotiva não era usada a muito tempo e pensei que nunca mais veria esses velhos trilhos rangerem.
-Dormi durante quase toda a viagem, o som do trem acabou se tornando uma excelente musica de ninar aos meus ouvidos, a paisagem um ótimo livro e o balançar dos trilhos um verdadeiro embalo. A menina corou, nem conhecia sua tia há tanto tempo e já lha revelara pequenos detalhes ocultos em seu interior.
Mas toda aquela intimidade que Tia Clavel parecia lhe despertar acabaram dando espaço para aquele tipo de comentário.
As duas foram andando por um caminhozinhos estreito, ladrilhado delicadamente com caquinhos de vidro reluzentes. Ao lado crescia uma centena de dentes de leão intercalados com a relva rasteira da paisagem anterior. Provavelmente havia alguma floresta de eucaliptos nos arredores, pois o cheiro de suas folhas era carregado pelo vente causando uma sensação deliciosa na menina. À medida que o sol da manhã ia ficando mais quente as duas foram se aproximando de uma pequena vila, essa era decorada com casinhas de telhados coloridos, florzinhas nas janelas e o som freqüente de água jorrando. Passaram por uma dúzia de casas ora com gatinhos no muro, ora com cachorros latindo, por uma padaria que revelava um delicioso cheiro de pão característico da França, uma mercearia que provavelmente era o único mercado da região, uma escola de onde se ouvia gritos de professores e risadinhas de alunos. Por fim chegaram a uma pracinha magnífica, enfeitada com tulipas amarelas e rosas brancas, pequenos banquinhos de madeira ficavam em volta de um chafariz no qual passarinhos se banhavam.

Um comentário:

Caroline disse...

Quee loool, Gostei.. Cahh.. tu escreve muito beem!